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Fábula: O Pássaro de Ouro.

Atualizado: 15 de jun.


Eles se desgastaram tanto tentando alcançar a perfeição que, no fim, perderam suas asas. - Ketty Williams
Eles se desgastaram tanto tentando alcançar a perfeição que, no fim, perderam suas asas. - Ketty Williams

Em um vale escondido entre montanhas, vivia um jovem pássaro chamado Ori. Ele sonhava em ter penas douradas, como as lendas diziam que os pássaros mais belos possuíam. Desde pequeno, ouvira histórias de que apenas aqueles com asas perfeitas eram dignos de voar alto e serem admirados.


Ori passou sua vida tentando se transformar. Comparava-se a outros pássaros, analisava cada detalhe de suas asas e sentia vergonha de suas penas simples. Sempre acreditava que faltava algo, que precisava ser melhor. Quando via um pássaro de cauda longa, desejava ter uma igual. Quando via outro com canto melodioso, sentia-se insuficiente.


Um dia, ouviu falar de um lago mágico no topo da montanha mais alta. Diziam que, ao mergulhar nele, qualquer pássaro se tornaria perfeito. Determinado, Ori decidiu que só poderia ser feliz quando alcançasse esse ideal.


A subida foi difícil. Ori se esforçou além de seus limites, ignorando a exaustão e a dor. Suas asas, cansadas, começaram a perder penas. Seu corpo tremia, mas ele se recusava a parar. Afinal, ele precisava ser perfeito.


Quando finalmente chegou ao topo, deparou-se com um lago cristalino. Seu reflexo tremulava na água, e ele percebeu algo estranho: não havia um único pássaro dourado à sua volta. Apenas penas caídas, espalhadas pelo chão.


Foi então que uma coruja pousou ao seu lado e disse:


— Muitos vieram até aqui, buscando ser algo que não são. Eles se desgastaram tanto tentando alcançar a perfeição que, no fim, perderam suas asas.


Ori olhou para si mesmo. Suas penas estavam opacas, suas asas fracas. Ele percebeu que, na tentativa de ser perfeito, havia se destruído.


Com um suspiro profundo, afastou-se do lago. Decidiu descer a montanha e aceitar suas penas como eram. Pela primeira vez, bateu as asas sem peso no coração. E, para sua surpresa, voou mais alto do que nunca.


(Todos os direitos reservados. Em caso de compartilhamento, é obrigatório citar o nome da autora.)

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